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LASC


TONALIDADES AFETIVAS DAS AMBIÊNCIAS

subsídios para projetos em cidades mais sensíveis Ano: 2024

Coordenação: Cristiane Rose Duarte

O conceito de “tonalidade afetiva” mencionado por Augoyard (2020) é uma noção que se desdobra em uma série de significados que têm por base o ato de afetar e de ser afetado, mas que se valem dos sentidos para se definirem. A tonalidade afetiva é a atmosfera moral que estabelece uma comunhão de seres no meio físico; ela não é construída intencionalmente: ela acontece, como uma “epifania” (Gumbrech, 2014) mesmo que de forma efêmera e temporal.  A tonalidade afetiva é, portanto, uma característica das ambiências, está contida nelas, assim como as atmosferas morais que se fundem com os participantes do espaço afetando seu comportamento e trazendo uma noção de presença (Gumbrech, 2010).

A presente pesquisa pretende, com base nesses pensamentos, entender as especificidades das ambiências cotidianas citadinas, verificar as formas pelas quais elas são reconhecidas pelos que as compartilham, por meio de diversas ações e abordagens de diferentes escalas.

Considerando que a ambiência é uma criação conjunta do sujeito e da noção de alteridade e que acontece nas esferas perceptiva e intersubjetiva, pretendemos desenvolver e dar continuidade a uma metodologia para o entendimento dessa categoria.  Ao compreendermos que a ambiência possui significados compartilhados por seus partícipes, procuraremos verificar a emergência de sentimentos de pertencimento e identificação. 

A experiência de uma noite em um determinado bairro boêmio do Rio; aquela que se forma à tardinha em alguma favela; a ambiência do calçadão de uma praia ou a de um centro de bairro suburbano... todas essas ambiências serão vistas como espaços vividos, nos quais o pacto não escrito entre seus partícipes agrupa muito mais do que uma atmosfera moral. Tal enfoque analítico faz parte de todas as pesquisas abarçadas por esta macro pesquisa em desenvolvimento.